Os jovens já não querem saber do que se passa na sociedade?

Marta Abreu
Redatora com Futuro
2 maio 2020

Tens alguma aplicação de um órgão de comunicação social no teu smartphone? Vês o telejornal frequentemente ou lês notícias todas as manhãs? Ficas-te apenas pelas letras gordas?

 

Uma estudante de direito, Ana Sofia Mendes, e os seus amigos fizeram uma experiência de onde puderam retirar que os jovens

"Não lêem, não vêem jornais e nem sequer vêem televisão. Ficam só pelas letras garrafais que lhes vão aparecendo."

Cada vez mais, a relação dos jovens com as notícias tem vindo a decair.

 

Existem várias explicações para este fenómeno dos jovens já não quererem saber do que se passa na sociedade:

  • Redes sociais

O mundo digital permite-nos o acesso direto e facilitado à informação.

Se pensarmos bem, o consumo de informação de um jovem hoje é muito maior do que aquele de um jovem no tempo dos nossos pais. Então, porque é que isto é um problema?

 

Apesar do consumo de informação ser de facto superior, este é um consumo imediato. Já não há procura de informação, mas sim um acesso direto e espontâneo.

Os jovens atualizam-se sobre a sociedade com o que lhes vai aparecendo no feed das redes sociais, e é aqui onde devemos ter especial atenção: as redes sociais são o local onde existe maior disseminação de fake news.

 

Seria de esperar que os jovens não fossem tão vulneráveis a notícias falsas, mas isto não acontece porque confiam naqueles seguem desde sempre, sem nunca questionar se determinada informação corresponde à realidade.

E já te perguntaste à cerca daquele anúncio que aparece magicamente no teu feed depois de teres pesquisado sobre o mesmo assunto?

Este algoritmo, que sabe tudo sobre os nossos interesses e elimina o que não nos cativa, torna a nossa perceção à cerca do que se passa no mundo muito redutora.

Se o que mais nos interessa for futebol, então só nos irá aparecer conteúdo futebolístico. Vamos sempre focar-nos nesse único assunto e não nos iremos informar sobre o resto.

 

  • Notícias desinteressantes e repetitivas

Muitos jovens consideram as notícias repetitivas e desinteressantes e estão apenas abertos para temas como as alterações climáticas ou assuntos de crime, violência e catástrofes.

Em relação a temas políticos ou económicos, o interesse desaparece devido à falta de conhecimento sobre tal.

Segundo Inês Amaral, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, os jovens esperam uma “adaptação da linguagem” para que possam entender estes assuntos.

Da nossa parte pelo menos, podes sempre contar com a "adaptação de linguagem" tanto nas notícias, como nos artigos, como em tudo o que envolve acesso ao ensino superior!

 

  • Falta de hábitos e “preguiça mental”

Se aos 14 anos tiveres sido incentivado a acompanhar as notícias diariamente, certamente que te tornarás um adulto interessado sobre a sociedade em que te inseres.

Ora, outro grande problema que se verifica é a falta de criação de hábitos de leitura e do incentivo a assistir ao telejornal desde cedo.

 

Quantas vezes já abriste um artigo e pensaste para ti mesmo “Eish, tanto texto! Não vou ler isto tudo…”?

 

O mais provável é teres ficado pelas letras grandes ou teres dado apenas uma vista de olhos rápida pelo texto. E isto não quer dizer que não te interesses sobre o assunto em questão, mas trata-se daquilo a que chamamos de “preguiça mental” e que tem de ser altamente contrariada.

 

Agora que te confrontaste com a verdadeira relação dos jovens com as notícias, está na hora de fazeres uma introspetiva e veres aquilo em que podes melhorar.

Para isso, deixamos-te aqui algumas sugestões:

1. Vai à app store do teu smartphone, na categoria de notícias, e instala uma das aplicações dos órgãos de comunicação social. Tip: as que estão em destaque costumam ser as mais fidedignas.
2. Aproveita o tempo em que estás nos transportes públicos para ouvir as notícias na rádio.
3. Habitua-te a ver o telejornal todos os dias. Se o vires em família, aproveita para debater os vários assuntos tratados.
4. Lê um livro por mês (vai-te ajudar a contrariar a “preguiça mental”).

 

Estes pequenos (grandes) hábitos vão te ajudar a ser uma pessoa mais culta e preocupada com as várias temáticas sociais.

 

 

 

FONTE: Público