A falta de professores tem sido uma dificuldade para o Ensino já desde 2011, mas sem dúvida que a área de Informática tem sido a mais castigada.
Estamos na era da modernização tecnológica, das clouds e dos dispositivos móveis.
Estamos constantemente conectados uns com os outros, e sabemos que o futuro mais próxima passa pela aposta na inovação e empreendedorismo neste setor. No entanto, a 2ª edição da ICILS - Internacional Computer and Information Literacy Studies - refere que 99% dos jovens portugueses não sabe utilizar adequadamente a informação online, e que apenas 1 em cada 5 são completamente independentes no uso de computadores.
As políticas mais recentes não têm priorizado a educação no uso das tecnologias, excepto em caso de necessidade extrema como é a situação que vivemos atualmente.
A disciplina de TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) tem sido negligenciada nos últimos anos, assim como os cursos profissionais, os CEF (ensino vocacional) ou as opcionais do secundário nesta área.
De acordo com os dados da DGEEC - Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência - o número de docentes de informática no ensino básico e secundário desceu dos 5000 para os 3000. Estes valores aliados à falta de equipamentos nas escolas põe em causa a qualidade do ensino português nesta área.
Em resposta, o Ministério da Educação publicou no início do ano novos critérios de recrutamento que permitem que qualquer um que tenha uma ação de formação nesta área possa dar aulas de TIC.
A Associação Nacional de Professores de Informática - ANPRI - tem lamentado esta contratação de profissionais sem habilitações:
“Chegou o momento em que qualquer um pode leccionar qualquer coisa”
Na semana de 22 a 28 de março, a ANPRI publicou um documento com estratégias e propostas de soluções para esta crise, e tem reunido com intervenientes na área do ensino:
“As tecnologias são universais e os alunos portugueses merecem melhor nesta área, com equipamento antigo e agora com docentes pouco preparados”
Não é só em informática que se encontra este cenário: também as disciplinas de Português, Inglês e Geografia têm sofrido com a falta de professores.
As novas medidas também permitem que docentes de Línguas Estrangeiras lecionem Português, ou que a disciplina de Inglês seja ensinada por professores de Português, Espanhol, Francês e Alemão, e a de Geografia por professores de História.
Será que com a situação que vivemos, derivada do COVID-19, esta tendência dos últimos anos se vai inverter?
Tendo esta tendência sido verificada nos últimos anos, até que ponto os alunos, que agora vivem no Ensino à Distância, têm a literacia necessária para operar neste mundo?