O acesso ao ensino superior, os níveis de retenção dos alunos e a empregabilidade dos cursos foram analisados pelo gabinete da Comissão Europeia. Quase um em cada três alunos que decide tirar um curso ou fazer outra formação de ensino superior na Europa acaba por desistir, alerta um relatório da Eurydice, divulgado ontem.
O acesso ao ensino superior, os níveis de retenção dos alunos e a empregabilidade dos cursos foram analisados pelo gabinete da Comissão Europeia (CE), que agora divulgou um novo relatório: "Modernização do Ensino Superior na Europa: Acesso, Retenção e Empregabilidade 2014". No Espaço Europeu de Ensino Superior (European Higher Education Área - EHAE), "quase um em cada três alunos que entram em programas não os completam", lê-se no documento da CE, que lembra que em muitos países as taxas de desistência têm vindo a aumentar.
O EHAE é composto pelos seus 47 Estados-membros, que incluem os 28 países-membros da União Europeia. Perante esta realidade, as instituições de ensino superior devem identificar e apoiar os estudantes com mais necessidades, defendem os relatores do documento, lembrando que esses apoios devem ser dados logo no primeiro ano de estudos dos alunos. Fornecer informação e aconselhamento é outra das sugestões para travar a retenção e aumentar o sucesso escolar. O estudo, que analisou 34 sistemas e políticas de educação na Europa, considera ainda que, apesar das "taxas inaceitáveis" de desistência registada em muitos países, "existem poucos exemplos nacionais de estratégias claras para atacar a questão" e que poucos Estados-membros têm desenvolvido políticas diferenciadas e focadas nos problemas concretos dos seus estudantes.
"Poucos países desenvolveram iniciativas, estratégias e medidas para melhorar o acesso dos grupos de estudantes que estão em minoria no ensino superior", lê-se no documento, que dá como exemplos os alunos com deficiências, estudantes mais velhos, minorias étnicas ou pertencentes a famílias carenciadas. Apenas as instituições de ensino superior de dois Estados-membros - Irlanda e Reino Unido - recebem um reforço de verbas por terem alunos que pertencem às tais minorias. No mesmo sentido, entendem que é preciso melhorar os sistemas de monitorização que caracterizam a população estudantil e associar essa informação a políticas concretas para perceber o real efeito de medidas tais como aquelas que pretendem promover um igual acesso ao ensino superior ou diminuir as taxas de desistência.
A empregabilidade foi outro dos pontos analisados no estudo que lembra a importância de efetuar inquéritos aos alunos que terminam os estudos para melhor perceber a empregabilidade dos cursos e a satisfação dos alunos tendo em conta as suas espetativas. O relatório aponta ainda Portugal como um dos quatro Estados-membros (além da Bulgária, Croácia e Liechtenstein) onde não são feitas previsões sobre as futuras necessidades do mercado de trabalho. Nos restantes países, refere o relatório, é feita uma avaliação sobre o mercado de trabalho, mas raramente é utilizada de forma sistemática para definir uma política sobre o ensino superior.
Apenas onze países - Irlanda, França, Italia, Letónia, Lituania, Polónia, Roménia, Finlândia e Reino Unido, Montenegro e Noruega - reportaram que as autoridades têm em conta as informações sobre o mercado de trabalho para definir e planear as oferta no ensino superior.
Fonte: DN