Até agora, cada universidade ou politécnico decidia individualmente a sua estratégia para a promoção internacional. Agora pretende-se uma estratégia concertada.
As universidades e os politécnicos públicos terão, a partir do próximo ano, duas marcas comuns a cada um dos subsistemas de ensino superior, que serão a face mais visível de uma nova estratégia de promoção do país enquanto destino para estudar. Os dois projectos foram candidatados a fundos comunitários e podem totalizar mais de 8 milhões de euros que poderão vir a ser investidos na presença em feiras de ensino e no estabelecimento de parcerias com instituições estrangeiras. O objectivo é atrair mais 3000 estudantes internacionais nos próximos anos.
Até agora, cada universidade ou politécnico decidia individualmente a sua estratégia para a promoção internacional pelo que, em várias feiras internacionais de ensino podiam encontrar-se stands de diferentes instituições portuguesas. Ainda que as instituições não percam autonomia para manter as suas próprias acções de divulgação, com esta estratégia concertada apenas haverá duas representações nacionais em eventos desse tipo: uma do sub-sector universitário, outra dos politécnicos. As universidades passam a agrupar-se debaixo da marca UniversitiesPortugal.com. Os politécnicos ainda não divulgaram a nova designação, mas vão seguir uma estratégia em tudo idêntica.
"Temos de ser capazes de nos posicionar de forma a beneficiar do previsível aumento significativo de estudantes do ensino superior a estudar no estrangeiro."
Defende o reitor da Universidade de Aveiro, Manuel Assunção, que é o responsável pela área da internacionalização no Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP).
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) estima que o número de estudantes internacionais crescerá de 4,5 milhões em 2012 para cerca de 8 milhões em 2025. Universidades e politécnicos querem, cada um, atrair mais 1500 para Portugal nos próximos três anos. O CRUP e também o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) submeteram duas candidaturas diferentes ao programa de fundos comunitários Compete 2020, que destina verbas para projectos direccionados para a competitividade da economia, e cujos resultados serão conhecidos no próximo mês.
A candidatura das universidades ascende a 4,7 milhões de euros — dos quais 770 mil euros são assumidos pelas instituições. Os politécnicos preferem não revelar qual o montante em concreto que é esperado neste concurso, sendo certo que o seu valor estará acima dos 3,5 milhões de euros. Assim sendo, caso as candidaturas sejam contempladas com fundos comunitários, o ensino superior português poderá contar com mais de 8 milhões de euros para a sua promoção internacional a partir do próximo ano.
De olhos postos na China
Apesar de serem projectos distintos, há muitas semelhanças entre as estratégias do CRUP e do CCISP. Os mercados considerados prioritários são os mesmos, apostando desde logo num público que está já consolidado, o dos estudantes provenientes de países de língua portuguesa, mas também em espaços emergentes como a América Latina (em especial a Colômbia) ou a Ásia, olhando sobretudo para a China, onde várias universidades e politécnicos têm já estabelecido acordos de cooperação com diferentes instituições nos últimos anos.
A estratégia a ser seguida também não será muito divergente: presença em feiras internacionais, protocolos de colaboração com outras instituições de ensino superior, câmaras de comércio e associações empresariais. Os fundos comunitários serão ainda utilizados para “acções de melhoria das condições de acolhimento e estadia para os estudantes e os docentes internacionais”, avança o director para as Relações Internacionais do CCISP, Armando Pires. No caso das universidades, a nova marca UniversitiesPortugal.com terá também uma presença nas plataformas digitais.
Tantas semelhanças poderiam ter justificado uma estratégia comum para a promoção internacional de todo o ensino superior público, mas CRUP e CCISP acabaram por apresentar projectos separados. “As missões dos dois subsistemas são distintas”, justifica Armando Pires. O responsável não fecha, porém, a porta a outras iniciativas de promoção conjunta de todo o ensino superior público que, a acontecer, “devia ser liderada pela tutela governativa”.
O mesmo diz Manuel Assunção. O projecto actual nasceu no âmbito do CRUP, mas “não esgota nem as iniciativas de base institucional nem outras que envolvam todo o sistema de ensino superior português”.
Fonte: PÚBLICO