Não são novidade absoluta as notícias de alunos que são aceites nas oito universidades que compõe a Ivy League (percebe aqui do que se trata este conceito) mas estas são as histórias que valem sempre a pena contar: malta inspirada que procura fazer do mundo um lugar melhor dando-lhe as suas melhores competências. É isso que procuramos transmitir-te e é por isso que criamos esta rubrica.
De origem malaia, Cassandra Hsiao partiu para os EUA com os pais quando tinha apenas 5 anos mas foram as suas memórias que lhe permitiram entrar nas oito prestigiadas universidades, que agora esperam que escolha onde quer dar o próximo passo. Aliado à infância dificil que viveu, Cassandra juntou as dificuldades causadas pela barreira do idioma e como conseguiu saltar por cima da mesma.
"Na nossa casa, há beleza na forma como falamos uns com os outros... a linguagem não é quebrada mas sim a fervilhar de emoção. É um pouco confuso, mas isto é assim vivemos", escreveu Hsiao na carta que submeteu às principais universidades dos EUA. Com pai do Taiwan e mãe da Malásia, a jovem Cassandra cresceu até aos 5 anos na província de Johor, na Malásia.
"Identidade e sentimento de pertença são os problemas mais comuns que as pessoas enfrentam. Quero partilhar um pedaço da minha vida doméstica, da relação que tenho com a minha mãe e as nossas histórias", referiu Cassandra. Se pensares bem, todos nós pertencemos ou gostamos de estar inseridos num grupo: na escola, no futebol, nas amigas, um clube, o ginásio - isso ajuda-nos a construir a nossa identidade.
"Tenho saudades da Malásia e penso no meu país de origem bastantes vezes. Enquanto fui crescendo, adorava papagaios de papel, ir ao mercado e lançar pequenos petardos (firecrakers, muito comum em alguns países). Passei a minha infância balbuciando entre o chinês, o malaio e o inglês. Acho que este texto incorpora verdadeiramente os valores que estão mais próximos do meu coração: dar a voz por aqueles que não a têm, mesmo que aches que ainda não encontraste a tua."
Quando soube de que a sua filha tinha sido aceite naquelas universidades, a mãe de Cassandra simplesmente "chorou com ela". "A Cassandra demonstrou maturidade e sabedoria não penas a nível académico mas na sua relação com os outros", concluiu. A filha, que apontou para mãe como o seu exemplo, relembrou um episódio "humilhante" que lhe aconteceu, quando os colegas da turma de inglês para adultos se riram da qualidade da escrita da mulher malaia.
"A minha mãe inspira-me não penas a sonhar com grandes coisas mas a tomar iniciativa para tornar esses sonhos realidades. Adoro a sua paixão pela vida, o seu caráter arrojado, a sua compaixão e honestidade." Passando de uma geração para a outra, Cassandra desviou as críticas que se fazem à nossa geração, sublinhando que é uma "honra" fazer parte da mesma: "mais do que nunca, os jovens estão a reconhecer a importância de fazerem as suas vozes ouvirem-se. Os meus colegas dão a cara pelo que acreditam e não têm medo de irem o quão longe for necessário. Nós somos o futuro, e o futuro é risonho".