A Influência da Comunicação na Saúde 

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10 fevereiro 2021

Uma comunicação eficaz é a chave para o bom funcionamento de qualquer atividade humana, pelo que não é de estranhar que o mesmo se aplique à área da saúde – por muito que muitas vezes isso não seja óbvio para todos nós.

A comunicação em saúde pressupõe a aplicação de estratégias para informar indivíduos, comunidades ou instituições e influenciar as suas decisões, de forma a promover a saúde através da adoção de comportamentos informados – um bocadinho como tem vindo a ser feito durante a pandemia com o constante reforço daquelas que são as medidas de segurança que todos nós devemos aplicar individualmente.

 

Vários são os estudos que relacionam uma melhor comunicação com o aumento da qualidade e segurança dos serviços de saúde. Por um lado, uma comunicação consciente e efetiva entre profissionais de saúde (entre e intra equipa) potencia a sinergia entre os mesmos. Por outro, há necessidade de uma comunicação descentrada do profissional de saúde e centrada no doente, respeitando-o como um elemento ativo no seu processo de saúde, doença e tratamento. Basta pensarmos que uma pessoa que não sabe muito bem o que tem e o que tem de fazer para melhorar a situação, maior será a probabilidade de ter comportamentos errados!

 

Num estudo realizado em 3000 hospitais diferentes, ao longo de seis anos, foi determinado que a comunicação entre profissionais de saúde era o fator mais importante no que diz respeito à redução das readmissões (Senot, C., Chandrasekaran, A., Ward, P. T., Tucker, A. L., & Moffatt-Bruce, S. D., 2015). 

 

Segundo um outro estudo, realizado pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, os obstáculos à qualidade da comunicação incluem a falta de formação e treino dos profissionais de saúde no que diz respeito a esta temática. Neste sentido, estas competências deveriam ser parte da formação destes profissionais, tal como acontece com as outras competências técnicas e clínicas (Santos, M.C., Grilo, A., Andrade, G., Guimarães, T., Gomes A., 2010). 

 

Graças à evolução a nível social e tecnológico que temos vindo a observar na História recente, a maioria da população consegue chegar a uma quantidade informação gigante, mas isso não significa que a maioria de nós saiba, necessariamente, assimilar e utilizar esses dados.

A área da saúde abrange assuntos com uma certa complexidade e especificidade e uma linguagem bastante característica, pelo que a sua interpretação pode tornar-se difícil. Neste sentido, estes meios deverão ser aproveitados pelas instituições e profissionais de saúde para informar e educar o público, no entanto, mais importante do que simplesmente passar informação, é saber passá-la eficazmente e de forma a que a maior parte das pessoas a entenda.

Nestes momentos é importante ter em conta o potencial das fake news e os seus danos, como tem acontecido durante a pandemia. Seja desinformação relativa à relação entre a vacinação e o surgimento de autismo ou relacionada com possíveis métodos de desinfeção e proteção contra infeções virais, por exemplo. Não só podem ter efeitos negativos ao nível do bem-estar e saúde da população, como podem levar à deterioração da sua confiança no governo, nas autoridades e nas instituições de saúde. O fact checking em saúde não é ainda tão frequente como deveria ser. Desta forma, parte da solução baseia-se na criação de conteúdo mais claro, recorrendo ao storytelling, por exemplo.

Concluindo, a comunicação é um fator extremamente importante na saúde, não só por originar cuidados de saúde de maior qualidade e mais seguros, mas também porque permite influenciar as decisões e comportamentos dos cidadãos, promovendo o bem-estar da população.