Calma! Prometo que isto não se trata apenas de mais uma miúda mimada a queixar-se da nova atualização do Instagram ou de como o Mbway vai deixar de ser gratuito. Apesar de já ter lamuriado o suficiente sobre estas coisas, este desabafo toca noutro assunto igualmente incomodativo.
Nasci no fim da década de 90, praticamente a entrar no novo milénio e acabando assim por pertencer à geração Millennial. Somos os miúdos e graúdos que foram crescendo à frente da televisão e mais tarde, com o smartphone quase que integrado no corpo, como um prolongamento da mão. Por consequência, tornámo-nos individualistas, isolados, egoístas, narcisistas e preguiçosos.
Temos tudo à nossa mão e não temos de lutar por nada, nem queremos fazê-lo. Estas são algumas das suposições generalistas que nos são apontadas por gerações precedentes. “Na minha altura, não era nada assim” dizem os nossos pais ou avós, queixando-se das facilidades atuais e, de certa forma, orgulhando-se dos seus tempos passados em que se realmente vivia. Falam eles também de uma inversão de valores e prioridades. Acusam-nos de sermos demasiado extremistas, politicamente corretos ou um bando de “virgens ofendidas”.
Não é apenas por ser uma millennial que sinto uma certa revolta com toda esta situação, mas sinto-a especialmente devido à falta de reconhecimento do futuro melhor que se está a construir pelos jovens dos dias de hoje. Estes que estão a mudar o mundo, abrindo-o àquilo que outrora era visto como estranho, fora da norma ou tabu.
Vejamos como por exemplo a aceitação e afirmação crescente da comunidade LGBT. Nunca antes um homossexual ou transsexual teve tanta liberdade para se identificar como tal. Estamos no pico de movimentos como o #Metoo, em que as desigualdades de género, abuso sexual e violência doméstica estão na ordem do dia, sendo que antes seriam rapidamente abafados.
As alterações climáticas são uma das maiores preocupações atuais e nunca antes nos consciencializamos tanto sobre o impacto e inutilidade de uma palhinha. Os animais finalmente são encarados como seres sencientes e não meros objetos ou coisas. Para além de contribuirmos para todas estas questões, somos dos jovens mais qualificados e que mais se sujeitam a estágios não remunerados.
Se passamos demasiado tempo à frente de ecrãs? Sem dúvida. Se nos preocupamos demasiado com selfies? Muito provavelmente. Não é de todo uma geração perfeita, mas também acredito que está muito longe de ser a pior que já se viu e, pondo a modéstia de lado, orgulho-me de fazer parte dela.