Ouve-se muita gente orgulhar-se de que são muito competentes a fazer multitasking, a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Tal como o ditado "depressa e bem não há quem", também é muito difícil, quase impossível, fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo com sucesso. Até há estudos - há estudos para tudo, não é? - da Universidade de Stanford (e estes são sérios, pois esta universidade é estrangeira) que apontam para isso mesmo: Multitasking é menos produtivo do que fazer uma coisa de cada vez.
De resto, as investigações mostram que as pessoas que são bombardeadas por vários canais de informação têm mais dificuldade em prestar atenção às coisas, recordar informação e alternar entre tarefas mais facilmente.
Quando analisaram as pessoas que defendiam que em multitasking tinham melhor rendimento, os investigadores acabaram por concluir exatamente o oposto: tinham piores resultados do que aqueles que completam uma tarefa de cada vez. A justificação passa por os primeiros terem mais dificuldade a organizar os seus pensamentos e a filtrar a informação para excluir a irrelevante; este grupo também se mostrou mais lento a mudar de uma tarefa para outra - tal acontece porque o teu cérebro só se consegue focar numa coisa de cada vez; quando lhe juntas outra atividade, falta-lhe capacidade para se concentrar nas tarefas simultâneas.
Além disto, está também provado que o multitasking diminui o QI dos praticantes desta modalidade não desportiva. Um estudo da Universidade de Londres mostrou que os efeitos de multitasking ao nível do quociente de inteligência assemelham-se a quem esteve acordado a noite inteira, prática que acaba por desativar neurónios.
A nível social o multitasking tende a ocorrer cada vez mais. Nos dias de hoje, é comum vermos pessoas a conversar e a mexer no smartphone, a distribuir likes pela malta. Estas práticas vão-se enraizando e fazendo com que a nossa inteligência emocional vá diminuindo. Por essa razão, é importante às vezes obrigarmo-nos a deixar as tecnologias de parte e oferecermos um presente ao nosso cérebro: que ele só se tenha de preocupar com uma coisa de cada vez.
Agora já sabes "muito e bem, não há quem".
Artigo inspirado em Why Smart People Don't Multitask, de Travis Bradberry