A minha vida começou a transformar-se aos 11 anos, quando saí pela primeira vez da minha zona de conforto. É claro que, nessa altura, não sabia muito bem o que isso era, mas senti esta transformação, vivi a sensação de estar longe do meu país, da minha família, dos meus amigos e dos meus hábitos, e viajar para um país totalmente diferente como era Portugal da altura. Em Portugal, para além de não conhecer ninguém, não falava a língua e os hábitos eram bem diferentes, isto para não falar do facto de que, em 1981, não havia fax, internet ou emails, o que fazia com que a informação demorasse muito mais tempo a circular entre os meus dois países, Itália e Portugal.
Após este primeiro impacto, que, possivelmente, desenvolveu em mim várias características que me permitem ainda hoje “desenvencilhar-me” sozinho, segui o que se chama o percurso normal dos anos 80 e 90 em Portugal: acabei o 12º ano e entrei na faculdade num curso que, na altura, foi praticamente imposto pelos meus pais, o curso de Organização e Gestão de Empresas (um clássico, na altura). Passado 3 anos de curso, deu-se possivelmente a maior reviravolta da minha vida. Por iniciativa própria decidi parar o curso e ir trabalhar com um único objetivo: ser independente. O curso que estava a tirar, para além de não me motivar, não tinha para mim a curto prazo um sentido prático.
Contudo, hoje, passados mais de 20 anos, consigo perceber e aproveitar o conhecimento que o meu primeiro curso me deu.Esta mudança fez-me entender várias coisas. A primeira coisa que aprendi foi que que o mercado de trabalho é bem diferente da vida académica. Existe um grande fosso entre o que se ensinava e o que se praticava realmente. Julgo que este gap entre “saber” e “fazer” ainda existe, mas talvez em menor forma. Para além disso, começar a trabalhar foi a descoberta não do mundo, mas de mim mesmo, daquilo que eu gostava. Descobri o mundo do Mercado Imobiliário e decidi então trabalhar e formar-me na área de Gestão Imobiliária. Atualmente, após ter passado por várias empresas e vários cargos (sem nunca ter mudado de área) descobri a minha paixão. Descobri que gosto de ser empresário, ou, como eu gosto de dizer, gosto de ser “CEO de mim mesmo”.
O meu nível de maturidade, e a certeza de saber o que pretendo é tão elevada, que me permite ser aquilo que sou, e, principalmente, o que sempre quis ser, embora confesse que, se me perguntassem há uns anos, jamais saberia diz que iria encontrar este caminho.A minha história, possivelmente, é igual a muitas outras, e destes 20 anos de experiências de trabalho, deixo-vos os seguintes conselhos:
1. Sigam o vosso instinto e a vossa paixão;
2. Tenham sempre um propósito em tudo aquilo que fazem;
3. Pensem sempre primeiro em dar e só depois em receber (não se preocupem se não receberem tão cedo);
4. Vejam a vida profissional como uma maratona e não como um sprint;
5. Depois do 12º ano, não entrem para uma faculdade, tirem um tempo de experimentação, se possível, viajem e descubram-se;
6. Trabalhe sempre no duro primeiro, e depois divirta-se sempre que puder;
7. Tenha sempre presente os seus valores em tudo, principalmente nas tomadas de decisões.