É verdade, já se sente aquela memória muscular da água quente (nos sonhos) do Algarve a tocar nos nossos dedos dos pés em pleno agosto, e lá vem um tipo qualquer falar de uma ótima oportunidade para não ter estes pequenos prazeres da vida, pelo menos durante duas semanas. Bom, acalmem lá o vosso desejo de banhista algarvio que estou cá para falar do Inspiring Career Camp.
Corria o ano de 2018 (sempre quis dizer isto) e um puto de 11ºano estava sentado na sua mesa da escola quando a sua professora de Filosofia e Diretora de Turma apresentou um e-mail que teria recebido aí há uns dias atrás. “Inspiring Career Camp”, três palavrinhas que, por algum motivo, se aproveitaram dos 5 minutos de atenção que este rapaz prestava nas aulas e lá remexeram o suficiente as estranhas deste puto (que, para quem ainda não percebeu, sou eu. Vá lá malta, todos nós sabemos como estas coisas do “tenho um amigo” funcionam). 😉 Chegando a casa, lá me inscrevi assim como ninguém quer a coisa, e depois espantei aquele assunto nas profundezas do meu cérebro, lá para o piso -45 ou algo do género.
Passaram-se alguns meses e, como bom rapaz que sempre ouviu a mãezinha a dizer “não fales com estranhos”, lá estava eu num dia de quase verão a recusar chamadas repetitivas de um tal número que eu não conhecia mas que era sem dúvida persistente. Decidi, portanto, e em forma de protesto silencioso, enviar uma mensagem para esse mesmo número a dizer “Quem é?”. Palavras sábias, eu sei, mas nada me preparava para a resposta: “É o André da Inspiring Future, atende puto”. Lá atendi eu com embaraço nível 20 e depois de me desculpar umas 24 vezes por não ter atendido o telefone, o tal André desliga a dizer algo como isto: “Pronto, puto, foste selecionado para o Inspiring Career Camp, e levas já com a primeira lição de vida: Da próxima, atende o telemóvel”.
Deixemo-nos de modo contador de histórias e falemos então do que foram aquelas duas semanas da minha vida, duas semanas que dificilmente irão ser enfiadas alguma vez naquele canto sombrio da minha mente. Em duas semanas aprendi mais do que estava à espera, e mais do que sobre o mundo, sobre mim mesmo.
Uma primeira semana de formação pessoal, e não é modo life coach “Tu és mais forte, e sei que no fim vais vencer”, mas sim uma formação direcionada a soft skills importantes como liderança, trabalho em equipa, feedback, pitch, tudo tópicos que já dei uso nestes anos que se seguiram e que nunca pensei que fossem necessidades tão básicas no que toca à minha vida social e empresarial. Ah, e tudo isto foi-me oferecido de forma divertida e descontraída, que eu não estava cá para powerpoints de duas horas, já me bastava a escola.
Já a segunda semana foi, digamos, diferente. Escolhi uma área, no meu caso, Saúde e Desporto (sim, porque este Engenheiro Informático achava que ia para Ciências Farmacêuticas), e fui até várias empresas da área falar com profissionais daquela área, perceber diretamente como funcionam as profissões que compõem esta mesma área e o que esperar de um contexto real de trabalho. Se me ajudou a orientar a minha cabeça? Então não? Se alguém alguma vez me disse para onde eu devia ir? Nunca, mas ensinaram-me sim como devia tomar essa decisão por mim próprio. Deram-me ferramentas, e eu procurei as soluções.
É por isto que vos digo que se ainda não se inscreveram, vocês lá sabem, mas eu só tenho elogios para dar. Aliás, vejam lá que de participante em 2018 passei a monitor nos anos seguintes e agora a formador deste mesmo CAMP! Por isso apareçam que eu quero partilhar isto convosco. E para quem está a perguntar: Ah, então mas isso é 24 horas por dia durante as duas semanas? Até aí dormimos? Não, putos, agora ia aturar-vos durante tanto tempo querem ver?