Disciplina intelectual: Será a solução para a falta de sentido crítico?

Redatora com Futuro
12 abril 2021

Em pleno século XXI vivemos numa Aldeia Global, tema que podes aprofundar aqui e que irás aprender se seguires para o Ensino Superior. Esta é uma era sobrecarregada de informações, onde tudo está em contacto com tudo e todos com todos. Toda a informação (e possível conhecimento) está ao nosso alcance através de um simples click. Então, de que competências é que os estudantes necessitam para terem sucesso num mundo cada vez mais competitivo?

Aquilo que muitos defendem é que o que os jovens precisam de uma disciplina intelectual que os force a pensar e a não aceitar como verdade aquilo que ouvem ou leem. A capacidade de recordar factos ou acontecimentos e argumentar com objetividade tornou-se, infelizmente, obsoleta. Para quê memorizar seja o que for se existe o Google? É esse o pensamento da maior parte dos jovens e não existe o mínimo esforço: precisamos de ser mais empreendedores, de refletir sobre as coisas, de analisar diferentes perspetivas, de forma a desenvolvermos as nossas capacidades cognitivas.

 

Sendo certo que muitos de nós nem notícias na TV vemos, a verdade é que não basta apenas ler as manchetes dos jornais, ou ler alguns tweets ou blogs para se aprender: é preciso ir mais longe – usando a expressão inglesa, “dig deeper”. É preciso ler livros ou falar com peritos sobre determinados temas. Viajar, abrir horizontes, ter novas experiencias, conhecer novas culturas. É assim que se aprende “no mundo real”: investigando “à moda antiga”. O facto de quase tudo estar disponível online é um dos maiores desafios que enfrentamos, mas é também uma consequência da globalização, que possibilitou o facilitismo, o fácil acesso ao conhecimento.

Entendemos que temos de aprender uma disciplina intelectual, que não é lecionada nas escolas mas que se aprende com a vida: a capacidade de dizer ‘não’. Um ‘não’ às tecnologias, um ‘não’ à globalização. Embora as tecnologias sejam necessárias, tem que ser usadas moderadamente. Existem demasiadas escolhas – “uma explosão de escolhas, uma explosão de opções, uma explosão de oportunidades”. E isso tanto pode ser bom, porque aumenta a competitividade e a qualidade, como mau, porque nos colocam num limbo de incapacidade de tomar decisões estratégicas.

 

Esta capacidade de dizer ‘não’, de nos focarmos no que realmente importa não é apenas usar menos apps ou reduzir o número de aparelhos eletrónicos a que nós temos acesso. É sim aplicar um maior rigor à informação que eles adquirem através deles. Os estudantes precisam de regressar às “origens”, onde é questionada a informação, a fonte da mesma e a sua credibilidade. Porque nem tudo o que se encontra online é fidedigno. Daí a importância de se saber filtrar a sobrecarga de informação de que somos alvo diariamente. 

O futuro é incerto, não está ainda escrito. Mas há algo que já é bem certo e claro: é preciso saber como encontrar a verdade no meio da enchente de informação. É preciso saber dizer ‘não’ e voltar às pesquisas “à moda antiga”, antes desta revolução tecnológica cair sobre nós. O futuro depende de nós. Não é nossa obrigação melhorá-lo? 

Artigo inspirado em 'The most important skill for 21st-century students is the discipline to say “no”'