Isto de andar e não pisar cocó

Co-Fundadora do Projeto Inspiring Future
13 janeiro 2021
Há coisas que deixam saudades e definitivamente aquela sensação de ir na rua e ter que olhar para o chão a toda a hora para não pisar cocó de cão, é muito nostálgica!

 

 

Desde que mudei de país (Austrália, só para meter um bocado de inveja) que, a cada dia que passa, me vou lembrando das coisas que tenho saudades. Sim, da comida, é verdade!

Dos bares estarem abertos até as 4 da manhã. De conseguir sair à noite e não ficar pobre (hiper mega caro!). Das mensagens dos meus amigos “miúda, jantamos hoje?”. Do café (aqui é água castanha). Do meu antigo trabalho. De ser reconhecida pelas minhas competências (basicamente dizerem que eu sou espetacular para fazer festinhas ao ego!). 

Mas há coisas novas que descobri que gosto muito:

• Viver com a porta de casa destrancada e não ter que levar chaves (se calhar agora vou ter que levar);
• Ruas limpas (estava a brincar quando disse que gostava de pisar cocó de cão);
• Vida mais calma e perto da natureza (tipo budista citadina);
• Aprender a começar do zero;
• Ser suficientemente criativa para procurar trabalho;
• Voltar a partilhar casa (os cabelos da banheira já não são só meus);
• Aprender a definir-me sem ser através da minha profissão (sou filósofa agora): sair da minha zona de conforto.

Mudar, às vezes implica muitos riscos e saudades de coisas que nunca imaginámos ter. Mas decidir ficar sempre na mesma, significa… ficar sempre na mesma!

Não aprender quase nada de novo a nível pessoal e profissional. Sair da nossa zona de conforto pode ser mudar de país como no meu caso, mas também pode ser começar a trabalhar enquanto estudas, sair da casa dos pais, começar a aprender uma língua nova, ir fazer erasmus, candidatar-te para trabalhar fora do teu país… sei lá. Pode ser muito frustrante (eu sei que sim) mas é muito mais compensador do que sentir que não estás a ser desafiado. 

Enquanto estava a escrever isto recebi outra nega a um trabalho que era mesmo a minha cara. Ser estrangeiro não é nada fácil. Se calhar vou começar a dizer que no meu país aplicamos multitasking a toda a hora. É que isto de andar na rua e ir com atenção ao cocó de cão, não é para todos. Pode ser que resulte!