Qual é, para ti, a melhor faculdade de artes? E a melhor para engenharias? Já refletiste sobre como é que reputação de uma Instituição de Ensino Superior se forma?
Um curso numa faculdade específica tem uma média mais alta do que noutra porque é considerada, pelos alunos que se candidatam, a melhor faculdade na sua área científica. Mas como é que se pode saber em concreto qual é a melhor faculdade/universidade?
Para isso existem os rankings – listas de instituições de ensino superior feitas por organizações que averiguam a qualidade das mesmas, estruturando-as hierarquicamente segundo determinados critérios de forma a averiguar, de forma imparcial, quais as melhores e piores instituições. Alguns dos rankings mais conceituados internacionalmente são o Academic Ranking of World Universities (mais conhecido por Ranking de Shanghai), o Times Higher Education World University Rankings (ou o THE Ranking), o Webometrics Ranking of World Universities, o CWTS Leiden Ranking, o CHE University Ranking (Centrums für Hochschulentwicklung), e os rankings do Financial Times, no entanto há muitos outros.
Curiosidade:
Se tiveres curiosidade em consultar a posição de uma instituição específica nos diferentes rankings internacionais podes fazê-lo aqui. (Podes ainda, na secção “Institutions”, comparar as posições de diferentes universidades).
Os rankings servem vários propósitos: respondem às exigências dos consumidores de dados facilmente interpretáveis na posição das IES (instituições de ensino superior), estimulam a competição entre IES ou podem servir como um dos critérios para a distribuição de fundos. Os rankings têm um enorme poder e influência. Mas até que ponto são estes rankings credíveis?
Para compreender como funcionam é preciso ter em conta, em primeiro lugar, que a metodologia usada por cada ranking varia – cada ranking tem uma consideração diferente do que é “qualidade” e como se mede. Essa diferença leva a uma variância de hierarquias: se, num ranking, uma universidade é considerada melhor que outra, isso pode mudar conforme mudam os critérios.
Mais informação: Se quiseres aprender a ler cada ranking e interpretar os seus resultados, consulta este artigo do The Telegraph
Portanto, de ranking para ranking, mudam os indicadores que avaliam a qualidade de uma faculdade bem como o peso que cada indicador tem. Os resultados de um ranking não podem ser explicados sem se compreender o processo de medição de qualidade. Há uma enorme diferença entre avaliar a qualidade de uma instituição pelo número de alunos com prémios Nobel (como faz a lista de rankings de Shanghai) ou o número de alunos por professor (como os rankings da The Higher Education). Também é diferente valorizar mais ou menos um mesmo indicador, por exemplo, o output da investigação de uma faculdade: para os rankings da The Higher Education, a investigação tem um peso de 20% na classificação final, já o ranking de Shanghai dá um maior peso a este indicador, num total de 40%.
Não é normalmente justificado o motivo pelo qual se escolhe um critério de qualidade em detrimento de outro, nem quão bem fundada é uma definição, por quem é escolhida ou porquê. Não se compreende que tipo de reflexão se faz para formar estes rankings, no entanto, estes têm uma influência considerável na formação de uma opinião pública.
Os resultados destes rankings são apresentados como precisos na medição de qualidade das instituições, o que é irrealista dada a subjetividade latente em cada ranking – esta precisão nunca deveria ser alegada em primeiro lugar.
De que forma se poderia melhorar a credibilidade dos rankings?
- Um ranking de disciplinas ou departamentos individuais em vez de instituições num todo;
- Um conceito multidimensional de qualidade universitária em vez de uma abordagem única que se aplique a todos os contextos, adaptando-se assim à diversidade académica, às missões e objetivos específicos bem como especificidades linguísticas e culturais;
- A medição e apresentação de indicadores separados, permitindo ver a classificação de uma instituição de acordo com preferências individuais em vez de um só resultado indiscriminado;
- Apresentação dos resultados do ranking em grupos (grupo alto, médio e baixo, por exemplo).
Última nota: Foi fundado em 2004 o International Ranking Expert Group pelo Centro Europeu para o Ensino Superior da UNESCO (UNESCO-CEPES), bem como o Institute for Higher Education Policy nos Estados Unidos (Washington, D.C). Em conjunto, estas organizações redigiram um conjunto de princípios de qualidade – Berlin Principles on Ranking of Higher Education Institutions.