Vamos recuar ao dia 28 de agosto de 2019, o dia em que me despedi de Lisboa e dei início ao que seria uma das grandes aventuras da minha vida, o meu Erasmus em Madrid.
Embarcar nesta experiência sempre foi um desejo meu desde que comecei a planear o meu percurso académico. Todos nós temos uma ideia diferente de Erasmus. Eu procurava um semestre no estrangeiro que me oferecesse ganhos sociais, culturais, pessoais e académicos. Ou seja, pretendia conhecer pessoas de todos os cantos do mundo, divertir-me, viajar, percorrer todos os eventos da agenda, mas também queria terminar o semestre com sucesso e não atrasar nada, carregando a preocupação de este ano ser aluna finalista.
Muitos acharam curioso a minha escolha pela capital espanhola visto ser um país vizinho e que não tem uma localização central que me permitisse viajar por toda a Europa. A verdade é que estou num enorme país com muito para conhecer e o meu sentimento de estar “fora do ninho” é igual ao de um estudante que esteja num país da Europa de Leste, por exemplo.
Queria fazer uma escolha segura, procurei escolher uma boa instituição de ensino superior e uma cidade onde soubesse que à partida que me iria sentir bem e seria bem recebida. E assim foi!
Madrid recebeu-me de braços abertos e desde logo me encantou com a sua vida dinâmica. É uma cidade que não dorme, onde há uma correria diária constante, muito ruído visual e condutores suicidas. Sim, as estradas madrilenas parecem autênticas pistas de fórmula 1!
Os espanhóis são muito alegres, descomplicados, prestáveis e super barulhentos. São péssimos a falar inglês (é uma comédia) e têm tudo traduzido para espanhol. Mesmo tudo! Deparei-me com esta realidade quando liguei a televisão, do meu quarto andar sem elevador, e vi a famosa serie Friends em espanhol.
Desde o primeiro dia que considero esta aventura como uma montanha russa de emoções, porque há sempre um misto de emoções. Ao início estava receosa, mas ao mesmo tempo tinha uma enorme curiosidade pelo que tinha pela frente.
Quando conheces os cantos à casa a confiança já é outra e a felicidade começa a desabrochar, acompanhada de alguma saudade do que ficou para trás. Agora, que já tenho três meses de Madrid, volto a um misto de emoções em que as saudades de casa já são muitas, mas não quero partir e dizer adeus à cidade que escolhi e que tão bem me acolheu. Um autêntico cocktail que nos acompanha ao longo de todos os meses.
E nestes três meses o que é que já me deu Madrid?
- Aprendi uma nova língua e conheci uma nova cultura;
- Fiquei a saber o que é estar verdadeiramente sozinha e por minha conta, no sentido em que tudo depende de mim;
- Aprendi que não há nada melhor que uma música latina para alegrar o dia;
- Descobri que, apesar de já ter ido ao Retiro cinquenta vezes, sou sempre surpreendida por novas paisagens;
- Estou viciada em tortilla, empanadillas e paella;
- Fiz novas amizades e contactei com pessoas de diferentes partes do mundo;
- Passei a chamar-me Margarita (e já me chamaram margarina) e para muitas pessoas sou italiana.
Para me despedir, deixo-vos como nota final o seguinte: não tenham medo e arrisquem!
Custa iniciar e a pergunta mais frequente é “Porque é que eu vim?”, mas acreditem que é uma experiência maravilhosa e faz crescer imenso. O segredo é ter sempre pensamento positivo e deixar as inseguranças de lado, que às vezes é difícil sim.
Acreditar que estes meses mudam a vossa vida para melhor, que vão voltar para casa com um “eu” diferente e muitos dos vossos medos ou receios vão ser superados. Besitos a todos y hasta pronto!